sexta-feira, 1 de junho de 2012

Passa a Porta


Vem,
Passa a porta.
Não tenhas medo,
O que vês não passa da tua imaginação.
Não hesita, atravessa;
As sombras que se alongam são mera ilustração.

Vem,
Passa a porta.
Não te detenhas demasiadamente  na soleira.
O que tens tu a perder?
Para tudo há-se uma maneira,
Mas não é permitido a ti escolher.

Vem,
Passa a porta.
Respira fundo e sente o invisível;
Não olhes para trás.
Deixa que aconteça o inevitável;
Tu sabes bem do que és capaz.

Vem,
Passa a porta.
Estica a perna e perpassa a linha demarcada.
Para quê esperar?
Nada é tão certo como parece;
Há muito mais do outro lado do que poderias imaginar.

Vem,
Passa a porta.
Deixa de bobeira e anda logo;
O tempo é relativo, mas não para ti.
Cruza depressa a porta,
Não percebes que teu lugar não é mais aí?

Vem.
Passa a porta.
Pura e simplesmente
Vem
E passa a porta.

São Pedro, 05 de novembro de 2007


...


Obs: As palavras brigaram comigo hoje de manhã. Disseram que eu levo todo o crédito por estórias e poemas que em verdade não seriam nada sem elas e foram embora batendo a porta e gritando impropérios. Enquanto elas não voltam - porque, no fim, elas sempre voltam, bêbadas e desconexas, chorando e pedindo desculpas, assim que o dinheiro delas acaba - resolvi publicar aqui mais um dos meus pseudo-poemas escritos na época em que a poesia que a gente não vive transformava o tédio em melodia.

Um comentário:

  1. Clap Clap Clap... elas sempre voltam, elas são o que nós sentimos, e o sentimento passeia por dentro de nós, nos nossos cantos escuros e no lugares mais claros.

    Rara!

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