quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Conjectura Ébria Sobre Transportes Públicos


Ônibus lotado é uma coisa esquisitíssima.

Olhando por fora, você nunca imaginaria que realmente há qualquer possibilidade de que caibam dentro dele todas aquelas pessoas encolhidas e retorcidas do jeito que só quem costuma se utilizar do transporte público das grandes cidades sabe como fazer.

Tal peripécia com certeza desafia as leis da física: ali dentro, definitivamente dois corpos podem ocupar o mesmo lugar.

Pois bem, creio que a explicação mais plausível para essa situação seja a de que os ônibus – e trens e metrôs  das grandes megalópoles são, em verdade, pequenos fragmentos isolados de um universo paralelo ao da Terra que foi condenado pela Comissão Interestelar Das Pequenas Causas Desimportantes E Muito Burocráticas a passar o resto da eternidade levando os seres humanos de um lado para o outro das grandes cidades justamente por terem desafiado as leis promulgadas pela famosa Física, aquela CDF briguenta e ranzinza que sempre se achou a Rainha da Cocada Preta só porque conseguia explicar coisas que mais ninguém conseguia.

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– Garçom, desce mais uma gelada, aí, que a autora deste blog tá realmente precisando.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sobre Pensamentos Livres e Ideias Intraduzíveis


Um mundo de ideias passeava pelo meu cérebro.

Pensamentos dançantes saracoteavam sem pudores por todos os lados, despidos de toda e qualquer regra gramatical ou coerência verbal.

Eram simples ideias existindo, pulsando, dançando a Macarena.

Pensamentos intraduzíveis vestidos de piratas jogando dominó.

Pensamentos apalavreados bebendo Dinamites Pangalácticas e cantando Roberto Carlos.

Pensamentos livres.

Pensamentos pura e simplesmente livres.

Tive então a ousadia de sentar-me à frente do computador para escrevê-los.

Forcei-os a parar, enfileirei-os, etiquetei-os.

Tentei persuadi-los a se submeterem à gramática, às letras, às palavras.

Mas eles eram livres.

Eram meus pensamentos livres e minhas ideias intraduzíveis.

Se os explicasse e os transformasse em palavras eles não mais seriam meus, não mais seriam livres.

Acabariam por se tornar apenas outra idéia jogada na prateleira do supermercado de ideias, comum, barata e empoeirada.

Não teriam mais a menor graça!

Resolvi então deixar que eles continuassem a fazer o que quer que um pensamento livre gosta de fazer com uma ideia intraduzível altas horas da madrugada e ir procurar por vida inteligente na mancha verde de mofo que surgiu no pedaço de pizza esquecido na geladeira desde o mês passado.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Era uma vez #7

Era uma vez um texugo voador.
Um dia, disseram-lhe que texugos não voavam e ele se estatelou dolorosamente no chão.
Fim.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Da Gaveta Do Meu Cérebro

Certa vez, eu abri uma gaveta do meu cérebro e de dentro dela pulou um gato listrado de óculos escuros que fumava um charuto cubano.

Ele olhou para mim com seus olhos que mudavam de cor e disse:

“Ande sempre com a chave! Nunca se sabe quando será preciso trancar a porta.”

Foi então que tudo finalmente fez sentido pra mim: um arco-íris desbotado brilhou num céu de caleidoscópio e eu pude ouvir as guitarras distorcidas dos guardiões de um paraíso que não existe.

Mas aí, no segundo seguinte, quando o silêncio imperou, o tudo se fez nada; o gato sumiu numa nuvem de fumaça e o sentido de todas as coisas do mundo fugiu de mim como as areias de uma ampulheta quebrada.

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E, aqui, eu representando esta psicodelia
porque, bem, eu adoro pagar mico.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Uma terça-feira num bar


Na mesa do bar, em meio a garrafas vazias e cigarros apagados, a moça de cabelos claros fitava o vazio.

A névoa ambiente embaçava as figuras já meio desfiguradas que pulsavam à sua volta: sorrisos sem rosto, vozes sem boca, mãos sem corpo.

Pensamentos sem mente.

Piscando os olhos negros muito maquilados, a moça bebeu mais um gole de cerveja.

Já havia passado da conta, ela sabia; mas pequenas porções de melancolia etílica ajudavam-na a persistir.

A sentir.

Sentira-se entorpecida a vida toda, de qualquer forma.

Sóbria, o desequilíbrio e a contradição eram constantes, incontroláveis.

Entorpecer-se com substâncias manipuladas ao menos fazia com que recuperasse o controle da situação:

Sabia exatamente quantos copos precisava para alcançar determinado ponto de insanidade  no cotidiano, porém, não contava com qualquer tipo de medição.

Era por isso que estava onde estava.

No bar.

Em plena terça-feira.

Custava-lhe, no dia-a-dia, adequar-se ao sistema da vida que lhe fora imposta sem que ninguém lhe perguntasse se estava de acordo ou não.

Era-lhe penoso tentar se enquadrar ao que o mundo queria que ela fosse quando nem ela mesma era capaz de saber quem queria ser.

Passou a mão repleta de anéis nos cabelos e permitiu-se acender um último cigarro.

Acendeu um último suspiro.

– No fim, tanto faz – disse ela, entre anéis de fumaça – Algumas vezes, voar é só uma questão de errar o chão.


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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Compartilhamento Aleatório Do Dia #1

Esta noite sonhei que era Jon Snow, personagem da série Crônicas de Gelo e Fogo, e entrava na cabana de um selvagem. Ele tinha linho nas janelas, e isso significava que o Inverno realmente chegara.


Aí a Xuxa morena apareceu e me roubou um potinho para guardar lentes de contato.

Eu pensei:

"Como é possível que eu use lentes de contato num tempo-espaço em que as pessoas ainda jogam baldes de merda pelas janelas?"

E depois:

"Será que o motivo da Xuxa ter ficado morena foi o fato dela passar debaixo de uma janela justamente no momento em que os donos da casa limpavam seus baldes?"


E acordei.
Fim.

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sábado, 8 de setembro de 2012

Considerações #4: Observâncias

Ao observarmos a imensidão negra do céu, à noite, vemos nada mais, nada menos, do que pálidos reflexos do fogo de titânicas constelações, muitas delas extintas há milênios.

Ao observarmos o espelho...

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O que você vê?

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Era uma vez #6

Era uma vez um sorvete de limão.
Um dia, ele foi esquecido fora do freezer e derreteu.
Fim.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Entrepost de Segunda

Há um número considerável de visitantes deste blog que aqui aporta procurando em ferramentas de busca por duendes, gnomos e cogumelos.

Leitores psicodélicos, um beijo para vocês, seus lindos.

Que o Fabuloso Mago Rîvh von Tröpp, da Ordem Gnomítica Mágica Nº 42, e sua Primeira-Aprendiz Esthël Syndara, Aquela Que Vê, iluminem seus passos no caminho caleidoscópico da vida e nunca permitam que lhes falte arte, amor e diversão durante todo o percurso desta grande estrada de tijolos amarelos.

Mago Rîvh von Tröpp e sua Primeira-Aprendiz Esthël Syndara
desejando-lhes bons votos psicodélicos e
caleidoscópicos de boa-ventura.

Fiquem em paz \\//,

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