terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sobre Pensamentos Livres e Ideias Intraduzíveis


Um mundo de ideias passeava pelo meu cérebro.

Pensamentos dançantes saracoteavam sem pudores por todos os lados, despidos de toda e qualquer regra gramatical ou coerência verbal.

Eram simples ideias existindo, pulsando, dançando a Macarena.

Pensamentos intraduzíveis vestidos de piratas jogando dominó.

Pensamentos apalavreados bebendo Dinamites Pangalácticas e cantando Roberto Carlos.

Pensamentos livres.

Pensamentos pura e simplesmente livres.

Tive então a ousadia de sentar-me à frente do computador para escrevê-los.

Forcei-os a parar, enfileirei-os, etiquetei-os.

Tentei persuadi-los a se submeterem à gramática, às letras, às palavras.

Mas eles eram livres.

Eram meus pensamentos livres e minhas ideias intraduzíveis.

Se os explicasse e os transformasse em palavras eles não mais seriam meus, não mais seriam livres.

Acabariam por se tornar apenas outra idéia jogada na prateleira do supermercado de ideias, comum, barata e empoeirada.

Não teriam mais a menor graça!

Resolvi então deixar que eles continuassem a fazer o que quer que um pensamento livre gosta de fazer com uma ideia intraduzível altas horas da madrugada e ir procurar por vida inteligente na mancha verde de mofo que surgiu no pedaço de pizza esquecido na geladeira desde o mês passado.

...

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