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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Vício

(Dedicado a certo moço de cabelos compridos e olhar de escorpião que anda construindo castelos psicodélicos nos meus pensamentos nestes últimos tempos.)

Os copos,
Os corpos,
Os toques.

O pulso.
(Seu pulso.)

Seu rosto,
Seu beijo,
Seu riso.

Você:

Meu vício.

...

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Brindemos!



Brindemos, brindemos!

Tragam cervejas, cigarros e vinhos
e tudo aquilo o que nos abram os caminhos
dos sonhos, despertos ou distintos.

Brindemos, brindemos!

Teçam alegrias despreocupadas
e sensações ao acaso despejadas
sobre as sombras das simbologias atrasadas.

Brindemos, brindemos!

Bebamos quaisquer filosofias
e embarquemos nas suaves heresias
desencontradas das doces noites ébrias de boemia.

...

Brindemos, meus amigos, brindemos.
Às abstrações psicodélicas dos multiversos desconhecidos,
brindemos.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Futuro


Ah, Futuro!

Por que me olhas assim, meio de lado, com tal sorriso enigmático?

Por que me abres a cortina do Destino por meio segundo e foges em seguida, rindo histericamente este riso gelado acompanhado de teu sempre focado cavalo alado?

Não, não te quero conhecer, Futuro.
Já te disse. Não quero.

Não me venhas com estas brincadeiras fugidias.
Não me cortejes como a uma rameira do século dezenove.
Não me ofereças vinho barato nem me tires para uma dança com ratos engravatados.

Deixa-me, Futuro.
Deixa-me só.
Deixa-me apenas terminar tranquilamente meu último cigarro e beber em paz o meu último gole de uísque.

...

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Procrastinação


Só mais um cigarro.
Eu digo, só mais um.

Cinco minutos.

Espera que já vai.
Um cigarro.

Dez minutos?

Um maço pela metade.
Outro maço cheio.

Meia hora?

Só mais um cigarro.
Eu digo, só mais um.

Só mais um.
Cigarro.

...

Nos dias em que você acorda sem nem ao menos ter dormido, todas as verdades do universo cabem em uma grande e quente xícara de café.


(São Paulo, julho de 2012)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Blém, blém, blém.


Os sinos da igreja badalaram novamente.

Blém.

A madrugada segue serena.

Blém, blém.

Ninguém para falar-me, ninguém para ouvir-me.

Blém, blém, blém.

Os sinos da igreja badalaram novamente.

...

(São Pedro, 23/12/05)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Máscaras



Máscaras

De mil cores pintadas,
Rabiscadas, 
Com fitas enfeitadas.

Desenhadas.

Máscaras
De mil jeitos decoradas,
Rasuradas, 
Muito ou pouco usadas. 

Ousadas.

Máscaras 

Dramaticamente arranjadas,
Mal acabadas, 
Incrivelmente fragmentadas.

Blindadas.

...

São Paulo, 17 de abril de 2007.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Insônia


Insônia.
Maldito sono que não chega!

Tento contar carneiros.
Um, dois, três.

E no relógio, andam os insistentes ponteiros.
Quatro, cinco, seis.

Travesseiro e lençóis revirados,
Pensamentos ao acaso espalhados.

A madrugada vai passando...
O galo vai cantando...

E na fria hora que antecede a Aurora
A maléfica insônia finalmente vai-se embora.

Vem o sono, todo contente.
Toca o despertador, horrivelmente indiferente.

...

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Passa a Porta


Vem,
Passa a porta.
Não tenhas medo,
O que vês não passa da tua imaginação.
Não hesita, atravessa;
As sombras que se alongam são mera ilustração.

Vem,
Passa a porta.
Não te detenhas demasiadamente  na soleira.
O que tens tu a perder?
Para tudo há-se uma maneira,
Mas não é permitido a ti escolher.

Vem,
Passa a porta.
Respira fundo e sente o invisível;
Não olhes para trás.
Deixa que aconteça o inevitável;
Tu sabes bem do que és capaz.

Vem,
Passa a porta.
Estica a perna e perpassa a linha demarcada.
Para quê esperar?
Nada é tão certo como parece;
Há muito mais do outro lado do que poderias imaginar.

Vem,
Passa a porta.
Deixa de bobeira e anda logo;
O tempo é relativo, mas não para ti.
Cruza depressa a porta,
Não percebes que teu lugar não é mais aí?

Vem.
Passa a porta.
Pura e simplesmente
Vem
E passa a porta.

São Pedro, 05 de novembro de 2007


...


Obs: As palavras brigaram comigo hoje de manhã. Disseram que eu levo todo o crédito por estórias e poemas que em verdade não seriam nada sem elas e foram embora batendo a porta e gritando impropérios. Enquanto elas não voltam - porque, no fim, elas sempre voltam, bêbadas e desconexas, chorando e pedindo desculpas, assim que o dinheiro delas acaba - resolvi publicar aqui mais um dos meus pseudo-poemas escritos na época em que a poesia que a gente não vive transformava o tédio em melodia.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Bolha de sabão


Sentada na calçada, a criança brinca.
Tem um canudo e um copo em suas mãos.
Uma bolha de sabão vai se formando.

Transparente.
Brilhante.
Redondamente perfeita.

Flutua delicadamente, refletindo a luz colorida do Sol.

E então, um vento mais forte sopra.
Leva-a para longe.

Com um último rodopio,

POC!

A bolha estoura.

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(São Paulo, 27 de junho de 2006)

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Chocolates


Uma garotinha de cinco anos disse-me certa vez:
— Tudo fica tão melhor quando se come chocolates!
Quem diria,
Tão pequena e já tão sabida das metafísicas do mundo.

...

Deixemos, pois, a vida mais chocolate.


quinta-feira, 10 de maio de 2012

Anarquia...?


Sociedade.
Cérebros em conserva manipulados por uma caixinha de imagens.

Faça assim.
Seja assim.
Pense assim.

É, como todo o mundo!

Atenção!

Agora é a hora de todos pensarem contra.

Contra o quê, não importa,
Apenas pensem contra, eu estou mandando.

Diga que é contra, é o que todos estão fazendo!

Aja como se fosse contra,
Aja assim:

Quebre vitrines,
Queime bandeiras,
Grite ‘Fora o Governo’.

Não, você não sabe o que é governo.

Apenas grite.

Idolatre velhos revolucionários.

Não, você também não sabe quem são.

Apenas decore suas palavras mais famosas e use camisetas com suas fotos.

Coloque correntes e blusas com símbolos que você nem sabe o que significam.

Vista-se de um jeito diferente,
É o que todos estão fazendo.

Diga que não quer ser manipulado,
É isso o que eu quero que você diga.

Isso, isso, bom garoto.
Agora você vai ganhar um doce.

...



(São Pedro, dezembro de 2005)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Poema Rimado E Sem Conteúdo


Letrinhas miúdas agarradas,
frases pseudo-elaboradas,
rimas muito mal amarradas.

Ímpeto da escrita,
vontade que grita,
criatividade que hesita.

Misturo as letras, então,
sem que sejam sim nem não,
só para satisfazer a Inspiração.


Escrevo palavras jogadas,
com fita-crepe coladas,
num turbilhão liquidificadas.

Escrava da palavra escrita,
mesmo que esta se repita,
devo escrevê-la, de qualquer fita.

E jogadas no papelão,
tendo saído todas desta mão-contramão,
são minhas e delas, mais delas, sem comparação.

(Daqueles dias em que a Inspiração comparece e impõe respeito, mas a Criatividade está emburrada do outro lado da sala porque perdeu do Subconsciente três partidas seguidas de dominó)