- Cara, tô de saco cheio.
- Saco cheio de quê?
- De qualquer coisa aleatória, eu acho.
- E como você sabe que esse saco está, de fato, cheio?
- Porque sei que ele não está vazio.
- E como você sabe que ele não está vazio?
- Porque acontece que ele está cheio.
- E se o saco estiver cheio de vazio, e vazio de cheio?
- Isso de fato iria incomodar-me muito mais.
- Pois então?
- Tanto faz.
- E agora?
- Agora nada.
- No mar?
- Em barris de cerveja.
...
Não se esqueçam de suas lunetas, os guarda-chuvas cintilantes andam muito convidativos por estes dias.
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quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Conversa Aleatória Comigo Mesma #1
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Possível Conversa Entre Duas Figuras Muito Famosas Do Imaginário Cristão
Um boteco de esquina, duas figuras granuladas em uma mesa, garrafas de cerveja vazias a um canto, conversas aleatórias espalhadas ao acaso.
- Garçom, poderia trazer-nos uma porção de batatas-fritas, por favor? - pede a figura granulada de cabelos compridos e grisalhos, uma enorme barba cinzenta trançada em três partes e salientes bochechas rosadas.
- Batatas-fritas? Não sabia que você gostava dessas coisas - responde a figura mais jovem, bronzeada, com um cavanhaque negro no queixo triangular e enormes óculos escuros.
- Nada melhor do que batatas-fritas para acompanhar essas cervejas.
- E nada melhor do que estas cervejas para acompanhar de camarote esse nosso jogo com os humanos, não é?
- Eu disse a você que criar estas figuras seria divertido.
- Mais divertido ainda é jogar com a cabeça deles como estamos fazendo agora!
- Concordo com você. Um brinde a isso?
- Um brinde!
...
Chave de palavras:
Conjecturas,
Conversas,
Deuses,
Filosofia de Boteco
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Breve Bate-Papo Com Minha Inspiração Alcoólatra
- Inspiração, você tá aí?
- Não.
- Saia desse quarto, Inspiração. É segunda-feira. Precisamos trabalhar.
- Não.
- Vamos lá. Não vai ser tão ruim assim, eu prometo.
- Não.
- Por favor, Inspiração. Faça esse favor para essa sua amiga descabelada.
- Não.
- Vamos lá, ânimo, menina!
- Não.
Silêncio.
- Você encheu a cara ontem, de novo, né, Inspiração?
- Só eu, né?
- ...
- Não.
- Não.
- Saia desse quarto, Inspiração. É segunda-feira. Precisamos trabalhar.
- Não.
- Vamos lá. Não vai ser tão ruim assim, eu prometo.
- Não.
- Por favor, Inspiração. Faça esse favor para essa sua amiga descabelada.
- Não.
- Vamos lá, ânimo, menina!
- Não.
Silêncio.
- Você encheu a cara ontem, de novo, né, Inspiração?
- Só eu, né?
- ...
- Não.
Chave de palavras:
Conversas,
Inspiração
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Uma Conversa Qualquer Comigo Mesma
- Oi.
- E aí?
- Faz tempo que a gente não conversa, né?
- É. Culpa sua. Eu estou sempre por aqui.
- Eu sei. Eu é que muitas vezes não estou.
- Está, sim. Só não percebe. Hoje, você percebeu.
- Percebi. E demais. O grito ainda me está sufocado na garganta.
- É melhor não deixá-lo sair.
- É um sentir como se sentisse todas as coisas do mundo, sabe? Como se por alguns instantes eu me visse amarrada ao Vórtex da Percepção Profunda e à noção do infinito, da verdade absoluta e de toda a minha insignificância diante disso tudo me fosse revelada.
- Sua carta é a da Lua. Sua função é sentir.
- Mas também é pensar.
- É pensar no sentir e sentir no pensar. Daí a originalidade. Daí a contradição.
- Mas eu não quero mais jogar esse jogo de oposições . É dolorido. É trabalhoso. É inútil! Até que ponto isso tudo o que racionalizo sentindo e sinto racionalizando não passa da minha imaginação? Você é apenas a minha imaginação. O que disso tudo seria real, então? O que não seria? O que seria, de fato, o real, se não mera percepção individual ou pura alucinação coletiva?
- Você realmente acha que esses pensamentos vão te levar a alguma conclusão?
- Não, não vão! Mas o que posso fazer, se sinto e penso e sinto o que penso e penso no que sinto dessa forma tão ridiculamente adolescente e ultra-romântica?
- O melhor, por ora, é seguir o fluxo do rio e procurar não se enroscar nas raízes à margem.
- Isso é tudo o que tem pra me dizer?
- O que você acha?
- Desanimador. Esperava mais de você.
- Você faz esse discurso dramático todo como se não sentisse, lá no fundo, um júbilo melancólico e doce, agudo e doentio, enquanto mergulha neste turbilhão de emoções e racionalizações.
- Ah, puxa. Você sabe como me convencer.
- Conheço-lhe melhor do que você mesma.
- Sendo meu subconsciente, eu não esperava menos.
- Desta forma, que tal uma bela bebedeira?
...
:P
domingo, 17 de junho de 2012
Alô?
(Este conto foi escrito para uma aula de redação quando eu estava no primeiro ou segundo ano do ensino médio. Publiquei-o no antigo Ideias Mirabolantes há eras, mas resolvi republicá-lo também aqui porque, bem, o blog é meu e eu publico aqui o que eu quiser. Desta vez não alterei nada, está exatamente como a Carol adolescente de nove anos atrás o escreveu. E se alguém quiser ver a mim e a minha irmã pagando O Mico Do Universo, aqui tem o link para o vídeo no Youtube em que estamos pseudo-encenando a conversa que se segue XD)
...
Era uma tarde chuvosa. O telefone tocava enquanto raios e trovões estremeciam a cidade.
— Alô? — disse Catarina ao atender ao telefone.
— Alô! — respondeu a voz do outro lado.
O telefone chiava. A ligação estava péssima, devido ao mau tempo. Quase não se ouvia a outra pessoa falar.
— Gostaria de falar com quem? — continuou Catarina.
— Por favor, a Carolina está?
— Hã? Catarina? Sou eu, querida, quem é?
— Carolina? Oi! É a Telma!
— Celma? Oi amiga, há quanto tempo...
— O tempo? Tá horrível mesmo, tá vendo que chuva!
— Se eu comi uva? Não... que pergunta estranha! Mas, viu Celma, não sabia que você tinha meu telefone!
— O meu telefone? Mas você tem! Quer de novo?
— O que foi? A Ivone tá sem café com ovo? Quem é Ivone? Eu não estou entendendo bem, a ligação está horrível!
— O que você tá vendendo? Pichação comestível? Ih, Carolina, Não estou escutando bem... mas, assim, te liguei para saber se você vai mesmo na festa do Honório...?
— No velório?!? Credo Celma, você sabe que tenho pavor dessas coisas... nem no enterro da minha mãe eu fui!
— Hum? Que foi?
— Como que foi? Que horror... velório de quem, fazer o quê?
— Ah, vai toda a turma lá no Honório; vai ter bolo, brigadeiro, empada com presunto...
— QUÊ!? Ir pra tumba ser enterrada com o defunto?! Tá de brincadeira ou o quê, mulher?
— Brincadeira? É, podemos brincar do jogo do ovo na colher... mas com certeza eu vou perder, tenho um equilíbrio... mas então, você vai?
— Tá louca? É claro que não!
— Pô Carolina, é sempre assim! Você vai, me convida, chega na hora e diz que não vai! Depois eu que sou a estranha...
— Ei! Eu não sou uma barrica de banha! Você que é muito magra, parece uma máquina de churros!
— Heim? Quem carece de uma fábrica de urros? Olha, Carolina, você parece uma mosca morta! Nunca sai de casa! Se gosta de ficar aí mofando, ótimo, só não convide os outros para sair!
— Oh! Como ousa?! Sua lombriga assada!
— O QUÊ? E você que parece um urso peludo?
— Ah! Lambisgóia!
— Vaca!
— Galinha!
— Morcega de cemitério!
Nesse momento a chuva parou, e a ligação melhorou bastante.
— Ora, você me convida para ir à um velório e eu que sou morcega de cemitério?! — berrou Catarina.
— Eu te convidei pra um velório? Quando?
— Agora há pouco, no telefone... mas espera aí, essa não é a voz da Celma!
— Celma? Aqui quem fala é a Telma! E aí? Não é a Carolina?
— Não, é a Catarina...
— Ah, desculpa, então foi engano...
TU TU TU...
Chave de palavras:
Casos da Vida Real,
Contos,
Conversas
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Ressaca Pós-Inauguração
A inspiração estava lá, jogada na sarjeta com meia dúzia de garrafas marrons de cerveja a sua volta. Seus cabelos cor de arco-íris caíam pesados sobre seu rosto translúcido e, não fosse o ritmado sobe-e-desce de seu peito, qualquer médico legista de esquina assinaria em dois segundos um atestado de óbito e sairia para surfar a pororoca na região amazônica.
- Oi, Inspiração? - eu disse, balançando a cabeça em desaprovação - Aproveitou bem a festa, foi?
- Huh - grunhiu ela - Arghjahgg hmmm rrhhjhjhj...
- Eu disse pra você não beber tanto. Ainda não está cem por cento bem, acabou de se reerguer das cinzas, pô! Qualquer um no seu caso precisaria de um tempo de resguardo, de descanso... cê não devia ter caído na farra tão cedo.
- Ahnggg... msssmmmm br.
- É sempre assim. Você aparece toda pimpona, diz que vai ficar e dá um vexame desses.
A Inspiração levantou a cabeça de leve, abriu os olhos violetas e tentou focalizá-los.
- Aahh... maasszzz... eu tô accquii... nãaum tô?
- Ah, tá. E de quê adianta, nesse estado? Vou escrever o quê, com você assim?
- Aaahhhhhhhhh, maszzzz adjianta, simmmm... olha zsóó, vo zte azjudar... vozscê vai ezscrevee... ezscrevee... zsobre... uma scherta Inzspirazzaaãumm... cque... ficquou bêbada... eee...
Fechei os olhos e contei até dez.
- Merda. Eu te odeio.
***
Olá. Meu nome é Ana Carolina e eu tenho uma Inspiração alcoólatra. Obrigada.
Chave de palavras:
Conversas,
Inspiração,
Ressaca
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