quinta-feira, 19 de julho de 2012

Uma Conversa Qualquer Comigo Mesma


- Oi.

- E aí?

- Faz tempo que a gente não conversa, né?

- É. Culpa sua. Eu estou sempre por aqui.

- Eu sei. Eu é que muitas vezes não estou.

- Está, sim. Só não percebe. Hoje, você percebeu.

- Percebi. E demais. O grito ainda me está sufocado na garganta.

- É melhor não deixá-lo sair.

- É um sentir como se sentisse todas as coisas do mundo, sabe? Como se por alguns instantes eu me visse amarrada ao Vórtex da Percepção Profunda e à noção do infinito, da verdade absoluta e de toda a minha insignificância diante disso tudo me fosse revelada.

- Sua carta é a da Lua. Sua função é sentir.

- Mas também é pensar.

- É pensar no sentir e sentir no pensar. Daí a originalidade. Daí a contradição.

- Mas eu não quero mais jogar esse jogo de oposições . É dolorido. É trabalhoso. É inútil! Até que ponto isso tudo o que racionalizo sentindo e sinto racionalizando não passa da minha imaginação? Você é apenas a minha imaginação. O que disso tudo seria real, então? O que não seria? O que seria, de fato, o real, se não mera percepção individual ou pura alucinação coletiva?

- Você realmente acha que esses pensamentos vão te levar a alguma conclusão?

- Não, não vão! Mas o que posso fazer, se sinto e penso e sinto o que penso e penso no que sinto dessa forma tão ridiculamente adolescente e ultra-romântica?

- O melhor, por ora, é seguir o fluxo do rio e procurar não se enroscar nas raízes à margem.

- Isso é tudo o que tem pra me dizer?

- O que você acha?

- Desanimador. Esperava mais de você.

- Você faz esse discurso dramático todo como se não sentisse, lá no fundo, um júbilo melancólico e doce, agudo e doentio, enquanto mergulha neste turbilhão de emoções e racionalizações.

- Ah, puxa. Você sabe como me convencer.

- Conheço-lhe melhor do que você mesma.

- Sendo meu subconsciente, eu não esperava menos.

- Desta forma, que tal uma bela bebedeira?

...

:P

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