domingo, 17 de junho de 2012

Alô?

(Este conto foi escrito para uma aula de redação quando eu estava no primeiro ou segundo ano do ensino médio. Publiquei-o no antigo Ideias Mirabolantes há eras, mas resolvi republicá-lo também aqui porque, bem, o blog é meu e eu publico aqui o que eu quiser. Desta vez não alterei nada, está exatamente como a Carol adolescente de nove anos atrás o escreveu. E se alguém quiser ver a mim e a minha irmã pagando O Mico Do Universo, aqui tem o link para o vídeo no Youtube em que estamos pseudo-encenando a conversa que se segue XD)

...

Era uma tarde chuvosa. O telefone tocava enquanto raios e trovões estremeciam a cidade. 

— Alô? — disse Catarina ao atender ao telefone.

— Alô! — respondeu a voz do outro lado.

O telefone chiava. A ligação estava péssima, devido ao mau tempo. Quase não se ouvia a outra pessoa falar.

— Gostaria de falar com quem? — continuou Catarina.

— Por favor, a Carolina está?

— Hã? Catarina? Sou eu, querida, quem é?

— Carolina? Oi! É a Telma!

— Celma? Oi amiga, há quanto tempo...

— O tempo? Tá horrível mesmo, tá vendo que chuva!

— Se eu comi uva? Não... que pergunta estranha! Mas, viu Celma, não sabia que você tinha meu telefone!

— O meu telefone? Mas você tem! Quer de novo?

— O que foi? A Ivone tá sem café com ovo? Quem é Ivone? Eu não estou entendendo bem, a ligação está horrível!

— O que você tá vendendo? Pichação comestível? Ih, Carolina, Não estou escutando bem... mas, assim, te liguei para saber se você vai mesmo na festa do Honório...?

— No velório?!? Credo Celma, você sabe que tenho pavor dessas coisas... nem no enterro da minha mãe eu fui!

— Hum? Que foi?

— Como que foi? Que horror... velório de quem, fazer o quê?

— Ah, vai toda a turma lá no Honório; vai ter bolo, brigadeiro, empada com presunto...

— QUÊ!? Ir pra tumba ser enterrada com o defunto?! Tá de brincadeira ou o quê, mulher?

— Brincadeira? É, podemos brincar do jogo do ovo na colher... mas com certeza eu vou perder, tenho um equilíbrio... mas então, você vai?

— Tá louca? É claro que não!

— Pô Carolina, é sempre assim! Você vai, me convida, chega na hora e diz que não vai! Depois eu que sou a estranha...

— Ei! Eu não sou uma barrica de banha! Você que é muito magra, parece uma máquina de churros!

— Heim? Quem carece de uma fábrica de urros? Olha, Carolina, você parece uma mosca morta! Nunca sai de casa! Se gosta de ficar aí mofando, ótimo, só não convide os outros para sair!

— Oh! Como ousa?! Sua lombriga assada!

— O QUÊ? E você que parece um urso peludo?

— Ah! Lambisgóia!

— Vaca!

— Galinha!

— Morcega de cemitério!

Nesse momento a chuva parou, e a ligação melhorou bastante.

— Ora, você me convida para ir à um velório e eu que sou morcega de cemitério?! — berrou Catarina.

— Eu te convidei pra um velório? Quando?

— Agora há pouco, no telefone... mas espera aí, essa não é a voz da Celma!

— Celma? Aqui quem fala é a Telma! E aí? Não é a Carolina?

— Não, é a Catarina...

— Ah, desculpa, então foi engano...

TU TU TU...

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