sexta-feira, 15 de junho de 2012

Conjecturas Ébrias De Uma Noite Qualquer

É.
E aí você chega em casa à noite, nem é tão tarde assim.
Ou é.
Mas não importa.
Está bêbado. 

Os minutos voam indiferentes à sua cara chapada de olhar perdido. 
Os pensamentos são elefantes coloridos que patinam alegres no seu cérebro. 

Tem sono; não consegue dormir. 
Tem fome; não consegue comer.
Tem inspiração; não consegue escrever.

Fica com os olhos vidrados na tela do computador, os lábios ligeiramente abertos, a cabeça ligeiramente cheia de idéias.

Sabe muito mais do que poderia saber se estivesse sóbrio.
Sabe muito menos do que poderia saber se não estivesse vivo.

Daqui a algumas horas já não mais se lembrará da maioria destas conjecturas.

Então se pergunta, pra quê?
Por quê?
O quê?

Pensamentos vagos e desconexos simplesmente imploram para serem escritos.
Eles na verdade nem sabem o que são ou para que servem, só sabem que precisam ser escritos.

Bem, são mais ou menos como os seres humanos, não são?
Não sabem o que são ou para que servem, só sabem que precisam...

Precisam de quê?

Aquele velhinho na cadeira de rodas, cego e mudo, precisa de quê?
Aquela garota tímida e medrosa que vive a vida da mãe, precisa de quê?
Aquele garotinho doente terminal que nunca pôde ver o Sol, precisa de quê?
Aquela pessoa desnorteada que escreve essas palavras precisa de quê?
Aquela pessoa desnorteada que lê essas palavras precisa de quê?

Ninguém sabe, ninguém vai saber, nada disso interessa.

Interessante, mesmo, é o quão desinteressante tudo isso aí é.
Entretanto, quanto mais eu me desinteresso, mais interessada fico nos desinteresses que têm a maioria interessada da população.
Não sei se o problema sou eu e meu interesse desinteressado ou o mundo e seu interessado desinteresse.

Mas, e daí?

Só é certo que as borboletas verde-limão dançam valsa com as raposas de vestido de sabão.

...

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