terça-feira, 22 de maio de 2012

O Barquinho de Papel Vermelho


Havia um barquinho de papel vermelho na banheira.

Ele navegava feliz, imaginando ser aquele o oceano.

Seus horizontes estendiam-se aos azulejos cirurgicamente brancos do banheiro e ao pequeno quadrado azul de céu que aparecia pela janela.

Seu único companheiro era um patinho de borracha amarelo e mudo.

Juntos, subiam e desciam pelas quase ondas e estavam certos de que aquilo era tudo o que se poderia existir.

Um dia, tiraram a tampa do ralo e o barquinho desceu pelo esgoto. Seu amigo patinho de borracha não o acompanhou.

Em seu trajeto pelo submundo, o barquinho descobriu que havia muito mais para se conhecer do que jamais pudera imaginar, e refletiu sobre como pôde ter passado tanto tempo acreditando que o mundo se reduzia a azulejos brancos e um pequeno quadrado de céu azul.

Quando deu por si, porém, já não era mais um barquinho de papel vermelho, era um composto amassado de sujeira marrom.

— E, que coisa!, descobriu-se muito mais vivo assim.

...

2 comentários:

  1. viver em plenitude
    passar em brancas nuvens pela vida não é viver

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  2. Com a devida vênia, faço das palavras da Lucia, minhas palavras.

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