Havia um barquinho de papel vermelho na banheira.
Ele navegava feliz, imaginando ser aquele o oceano.
Seus horizontes estendiam-se aos azulejos cirurgicamente brancos do banheiro e ao pequeno quadrado azul de céu que aparecia pela janela.
Seu único companheiro era um patinho de borracha amarelo e mudo.
Juntos, subiam e desciam pelas quase ondas e estavam certos de que aquilo era tudo o que se poderia existir.
Um dia, tiraram a tampa do ralo e o barquinho desceu pelo esgoto. Seu amigo patinho de borracha não o acompanhou.
Em seu trajeto pelo submundo, o barquinho descobriu que havia muito mais para se conhecer do que jamais pudera imaginar, e refletiu sobre como pôde ter passado tanto tempo acreditando que o mundo se reduzia a azulejos brancos e um pequeno quadrado de céu azul.
Quando deu por si, porém, já não era mais um barquinho de papel vermelho, era um composto amassado de sujeira marrom.
— E, que coisa!, descobriu-se muito mais vivo assim.
...
viver em plenitude
ResponderExcluirpassar em brancas nuvens pela vida não é viver
Com a devida vênia, faço das palavras da Lucia, minhas palavras.
ResponderExcluir