Mais uma de minhas personagens com a biografia atualizada.
Apresento-lhes Capitã Zara Jenks, a cigana-pirata que comanda um navio tripulado quase exclusivamente por mulheres.
Zara Jenks tem uma história de vida interessante que começa desde antes de sua concepção.
Certa vez, quando o mundo ainda era separado por sete mares e os monstros oceânicos ainda povoavam o desconhecido, um charmoso pirata inglês de nome John Jenks aportou determinada noite em um vilarejo litorâneo da Espanha. Enquanto embriagava-se para finalmente recuperar-se dos anos ao mar, uma bela cigana de cabelos vermelhos chamada Carmen perguntou-lhe se gostaria que lhe tirasse a sorte.
- Eu tiraria a sorte se tivesse você, bela jovem dos cabelos de fogo - respondeu o pirata.
Os dois amaram-se intensamente por três dias e três noites, até o momento da partida do navio de John. A despedida foi dolorosa, mas a breve paixão rendeu frutos. Nove meses após o romântico encontro nasceu a pequena Zara, com os olhos escuros do pai e os cabelos rubros da mãe.
Zara cresceu com sua mãe em meio à comunidade cigana, aprendendo todos os sortilégios e a sabedoria mágica de seu povo com as artes ocultas. Como sua progenitora, ela possuía um dom especial em seu sangue para as adivinhações e as magias de água. E, como seu pai, possuía uma enorme atração pelo mar.
Desde muito nova a pequena cigana de cabelos vermelhos gostava de passar horas a fio no cais, ouvindo maravilhada as histórias contadas pelos marujos sobre as terras desconhecidas e os tesouros perdidos que viram em suas viagens. Zara observava o mar com olhos sonhadores e almejava a liberdade de se navegar a esmo, com o vento nos cabelos e o sol no rosto até, quem sabe, o fim do mundo - ou ainda além.
Ao compartilhar suas aspirações com os homens do mar, porém, por todas as vezes recebia risadas irônicas e o inevitável comentário "Você é só uma menina!".
- Mas eu vou crescer! - respondeu Zara certa manhã, com indisfarçada irritação.
- E vai se tornar nada mais que uma mulher - disseram, sorrindo - Você sabe que levar uma mulher em um navio sempre deu azar.
- Quando eu me tornar a capitã do navio pirata mais temido dos sete mares é que vocês vão ver o azar que dá ter uma mulher em um navio - respondeu ela em tom de profecia.
E então, na manhã do dia em em que Zara completaria dezesseis anos, um navio vermelho sem bandeira aportou no cais do vilarejo. A cigana que aspirava ser pirata sentiu o coração dar um pulo: sua mãe lhe dissera mil vezes que o navio de seu pai possuía estas cores. Uma embarcação da cor do sangue, quantas mais haveriam no mundo? Será que seu pai finalmente voltara, depois de tantos anos? Será que ele a reconheceria? Seria aquela a sua chance de conhecer o além-mar?
Zara correu até o porto e perguntou pela tripulação do navio vermelho.
- Do Scalett Sky? Por quê? Eles estão devendo para alguém? - respondeu-lhe um homem de olhos escuros que cheirava a rum - Oi! - continuou ele, aproximando-se mais e observando-a atentamente - Você me lembra alguém...
O homem piscou algumas vezes e segurou uma mecha de seus cabelos.
- Oi! - exclamou ele - Mas como? Você é bruxa? Já faz tempo, você tinha que estar velha! - continuou, olhando-a nos olhos - E tem os olhos, esses olhos estão errados... Esses olhos são... Oi! esses olhos são meus!
- Acho... - respondeu Zara, extasiada - Acho que sou sua filha.
- Filha?! - disse o homem - Com mil cães sarnentos, FILHA?!
Passada a surpresa inicial, Zara pôs-se a contar quem era sua mãe e a história de sua concepção. Era essencial que ele se lembrasse. A sua chance de conhecer o mundo estava ali, cambaleando bêbada na sua frente!
- Batráquios me mordam, você realmente deve ser minha filha - disse ele sacando uma garrafa de rum da bolsa e bebendo um demorado gole - Eu me lembro da bela Camélia... Carmela... Carmem!, dos cabelos de fogo. Ela está viva, ainda? Tem todos os dentes?
À noite, Zara levou seu suposto pai para ver sua mãe. E não conteve a alegria quando viu que os dois reconheceram-se imediatamente:
- Você está mais velha - disse o pai de Zara - Mas ainda está linda.
- Você também. E continua cheirando rum.
Depois de deixá-los a sós pelo tempo que precisavam para se reconhecerem verdadeiramente, Zara expôs para seu pai seu desejo de conhecer o mar.
- Oi! - respondeu ele - Quer conhecer o mar, é? - continuou, analisando-a de cima a baixo - Sabe que você se parece comigo quando tinha a sua idade? Só que, claro, com peitos. E cabelos vermelhos.
- Minha mãe tinha me dito - disse Zara, abrindo uma garrafa de rum e passando-a ao pai - Você não quer mais um pouco de rum? Tem cerveja, também. E vinho, se preferir.
Na manhã seguinte, completamente bêbado, o pirata resolveu que seria uma excelente ideia ter a filha como parte da tripulação, afinal, ela era também uma cigana, seus sortilégios poderiam ser de bom uso contra as tropas da coroa ou comerciantes desavisados, e era sua filha, sangue do seu sangue, e...
- Por que eu trouxe você, mesmo? - perguntou ele naquela noite, já em alto-mar, em uma visível ressaca.
- Porque eu sou cigana e sua filha, lembra?
- Sei. Certo. Então vá lá, pegue umas garrafas de rum pra gente comemorar.
Navegaram bem à bordo do navio por dois anos. No terceiro ano de navegação, ela e seu pai maquinaram uma conspiração para tomar o comando do Scarlett Sky e instigaram a tripulação contra o capitão gordo do navio, William O'Higgins. Os dois eram agora Capitão John e Primeira-Imediata Zara, e desenvolveram uma amizade muito forte depois disso. Descobriram-se muito parecidos - e muito chegados em um rum.
Mas como nem tudo na vida é um mar de rosas, especialmente se você for Capitão e Primeira-Imediata de um navio pirata cuja tripulação você mesmo já ajudou a se rebelar, um belo dia os subordinados do Scarlett Sky decidiram que gostariam de um novo capitão, em especial algum cujo filho não fosse uma mulher cigana e primeira-imediata, e tornaram-se insubordinados.
A luta foi ferrenha, mas Zara e seu pai eram bons no que faziam. Com a ajuda de mais dois marujos de confiança massacraram os revoltosos e reassumiram o comando.
- Zara, minha filha - disse seu pai na noite seguinte à luta - Será que sua mãe ainda tem todos os dentes? Estou cansado dessa vida. Não tenho mais pique nem tripulação para continuar nesse navio. Vamos voltar para a Espanha.
- Eu não quero voltar - disse Zara - Descobri que meu coração pertence ao mar.
- É, sei. Você é nova, ainda. Bem, se você quer mesmo continuar, fique com o Scarlett. Você é minha primeira-imediata, de qualquer forma é capitã na minha ausência. Consiga uma tripulação melhor do que a que tínhamos e navegue por aí, pequena versão minha com peitos.
E este foi o início da lenda.
Depois de deixar o pai em terra e descobrir que praticamente nenhum marujo gostaria de enfrentar as agruras do oceano em um navio capitaneado por uma mulher, Zara convocou todas as mulheres que porventura tivessem o ímpeto de conhecer o mundo no sangue para compor sua tripulação e lançou-se ao mar em busca do fim do mundo.
Comandado por uma cigana e com uma tripulação quase exclusivamente feminina, o Scarlett Sky foi considerado um dos mais temíveis navios piratas da história dos sete mares.
- Mulheres no navio dão mesmo azar - diz Zara - Mas não para nós.
...
(Em tempo: Zara é também prima distante do Capitão Jack Sparrow. E sim, eles tiveram um caso. XD)
Zara é sem sombra de dúvidas a Pirata mais linda da história dos sete mares! Um brinde a ela!
ResponderExcluirescreva um livro da zara e eu serei a primeira a comprar. e te pagar uma garrafa de rum, na sarj'etta.
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