Diana era uma garota comum. Tinha um rosto comum, um corpo comum e uma personalidade comum. No auge dos seus dezessete anos, estudava para prestar vestibular e fazia aulas de inglês na rua em frente da sua casa. Suas diversões aos finais de semana eram ir à casa da avó junto com sua mãe, comer sorvete de chocolate junto com sua mãe e assistir a comédias românticas na tevê junto com sua mãe.
Diana não saía à noite. Não bebia, não fumava e nunca experimentara qualquer estado alterado de consciência. Não ia a festas, tampouco, nem conversava com garotos. Ou com garotas. Não gostava dessas coisas. Não faziam bem para a saúde, não eram coisa de moça direita. O mundo fora de sua casa era muito perigoso. E todas as pessoas em geral eram cínicas e interesseiras. Não valia a pena relacionar-se com ninguém, no fim das contas. Exceto, talvez, com sua mãe.
Ou, pelo menos, era isso o que ela sempre lhe dissera. E, bem, se sua mãe dizia, devia mesmo ser.
Um belo dia, logo depois de completar dezoito anos, Diana finalmente passou no vestibular. Faria administração em uma relativamente bem conceituada faculdade particular. Sua mãe não se conteve de felicidade, sua filhinha passara na mesma universidade onde ela própria lecionava! Eram cursos diferentes, de fato, ela era professora do curso de economia. Mas, ainda assim, elas poderiam ir para a faculdade juntas, almoçar juntas, voltar para casa juntas! Seria maravilhoso!
Passado pouco mais de um mês do ano letivo, porém, Diana recebeu a notícia de que havia passado na segunda listagem do vestibular de uma universidade pública cujo ensino era definitivamente muito melhor. O nome dela em seu diploma lhe abriria todas as portas importantes do mundo profissional. Mas estava apreensiva. Como seria enfrentar uma universidade com padrões tão altos como aquela? Como seriam seus colegas, seus professores, sua vida naquele lugar? A universidade ficava na mesma cidade onde morava, a mudança não seria assim tão grande. Mas teria de aprender a respirar por conta própria, ali sua mãe não estaria com ela o tempo todo. Diana não sabia se estava preparada para isso.
A mãe de Diana disse que havia ficado muito orgulhosa e que, obviamente, a filha deveria mudar de universidade. Seria muito melhor para seu currículo. E não ficaria bem para a vizinhança se Diana continuasse naquela faculdade particular tendo passado em uma das melhores universidades da América Latina. Estaria tudo bem, desde que ela ficasse sempre atenta a todos os perigos existentes em um lugar tão amplo e diverso como o que iria frequentar. Muita coisa ruim poderia acontecer, sempre, e ela não podia esquecer-se disto nunca.
O primeiro dia de aula foi uma experiência terrível. Ela não sabia como se comportar, com quem conversar, o que dizer. Tinha medo de errar, de não ser aceita, de não ser capaz. Estava hesitante, distante, completamente perdida naquele mundo imenso e completamente novo.
Mas as coisas acontecem como tem de acontecer. No fim da primeira semana, Diana conheceu uma moça que, a princípio, desaprovou completamente. Era negra, usava dreadlocks nos cabelos e fumava muito. E tinha o apelido de Banza, veja só! Sua mãe definitivamente a aconselharia a não se aproximar de um tipo como aquele. A moça, contudo, mostrou-se muito simpática, ajudando Diana com as matérias passadas e apresentando-a ao resto da universidade.
Diana gostou muito daquela moça. Das outras pessoas com quem acabara convivendo no espaço da faculdade também. Mas com Banza, em especial, descobriu que desenvolvera um tipo de carinho específico. Talvez fosse o fato de que ela era exatamente o oposto do que sua mãe acharia uma boa companhia. Talvez. Talvez fosse isso.
E então, em uma noite quente de sexta-feira, Diana resolveu participar de sua primeira festa. Sua mãe não a proibiu de ir, apesar de enumerar pelo menos cinco vezes os riscos aos quais Diana estaria exposta em um ambiente como aquele. Ela quase desistiu, é verdade, mas Banza conseguiu convencê-la de que seria uma experiência muito interessante. Disse que o ambiente acadêmico não se resume a sala de aula e que o dinheiro arrecadado com o evento na faculdade seria para a formatura do pessoal. E disse também que, se alguma coisa desse errado ou Diana não estivesse se sentindo bem, ela a levaria para casa depois sem problema algum.
Diana divertiu-se naquela noite como nunca antes divertira-se na vida. Resolveu até experimentar um gole de cerveja, assim, só para não dizer que nunca havia provado. E descobriu que não era de todo ruim. Bebeu algumas latas, experimentou um trago do cigarro de sua amiga, deu um gole no que disseram ser algo como "gasolina de avião". Dançou como se ninguém estivesse olhando. Conversou sem apreensão com todas as pessoas que lhe sorriam. E, quando o dia já estava quase raiando e Banza a levava de volta para casa, fez algo que nunca antes havia passado em sua cabeça: beijou sua amiga demoradamente, como se não houvesse amanhã.
Quando Diana deitou-se na cama para dormir naquela manhã, descobriu com um choque que estivera acorrentada durante toda a vida. Percebeu que tudo o que pensava era fruto do que sua mãe dizia e que toda a sua personalidade havia sido desenvolvida em torno dos julgamentos únicos de sua progenitora. Compreendeu que nunca antes fizera absolutamente nada por conta própria e que todo o seu medo do mundo vinha exatamente desta superproteção.
No dia seguinte, Diana fugiu de casa.
...
Mother, do you think they'll drop the bomb?
ResponderExcluirMother, do you think they'll like this song?
Mother, do you think they'll try to break my balls?
Mother, should I build the wall?
Mother, should I run for president?
Mother, should I trust the government?
Mother, will they put me in the firing line?
Is it just a waste of time?
Hush now baby, baby, don't you cry
Momma's gonna make all of your nightmares come true
Momma's gonna put all of her fears into you
Momma's gonna keep you right here under her wing
She won't let you fly, but she might let you sing
Momma's will keep baby cozy and warm
(3x)
Oh, baby
Of course Momma's gonna help build the wall
"She
ResponderExcluirWhat did we do that was wrong?
Is having
We didn´t know it was wrong
Fun
Fun is the one thing that money can´t buy
Something inside that was always denied
For so many years
She´s leaving home, bye, bye..."