- Então quer dizer que a gente realmente conseguiu superar o colégio? - ela/eu me perguntou, erguendo as sobrancelhas e dando um suspiro de alívio.
- Superamos isso e muito mais - respondi, abraçando-a/me.
Sentamos de pernas cruzadas no tapete da sala e conversamos por horas a fio, comendo leite condensado com chocolate granulado e ouvindo as músicas da fita do Brink Book.
- Mas, me diz, você tá feliz? - ela/eu me perguntou entre uma colherada e outra do melhor doce do universo da minha infância.
- Tô, querida eu-mesma. Continuo sem ter a mínima ideia do que diabos vamos fazer da vida daqui pra frente, mas tô feliz.
- Ah, relaxa. Eu também não conseguia e, veja, você é a prova viva de que isso não importa muito, no fim das contas.
Brincamos despreocupadamente a tarde toda. Inventamos histórias mirabolantes para encenar com nossas Barbies, desenhamos figuras psicodélicas com giz de cera colorido e tomamos Coca-Cola até as nossas barrigas doerem.
A pequena eu-mesma de nove anos foi embora surpresa por descobrir que havia mudado tanto.
A atual eu-mesma de vinte e três anos foi embora surpresa por descobrir que, passados tantos anos, nada realmente mudou.
...
(:
Pequena Eu-Mesma na época em que achei que seria uma ótima ideia cortar sozinha minha própria franja. |
Que lindinha!!! hahahahahaha
ResponderExcluirAdorei a história! Me econtro comigo mesmo, as vezes com vários de mim, o Lê moleque que vivia na rua em mundos imaginários onde era rei, era vilão, era tudo o que queria; o Lê pré-adolescente e perdido virando um pequeno palhaço para diferenciar-se dos demais e deixar sua marca, na escola, na rua, criando personagens sem ao menos saber o que estava fazendo, conhecendo o mundo sem sair do centro do universo; o Lê adolescente, chato, depressivo, mas bom amigo, baixa auto-estima, tímido (menos quando encarnava seus personagens) e que descobriu que sabia batucar um pouco, depois veio o Lê das experiências, das mais diversas, e ali se descobriu um pouco medíocre e acabou experimentando intensamente demais e quase foi e acabou "fondo", mas voltou e ali estava um novo Lê, bem mais determinado, com sede de vida, de amor (que pare ele são a mesma coisa) e este Lê, que depois de novas experiências, de descobrir coisas em sua mente que não tinha idéia que existiam, percebeu que o primeiro Lê, o menino que morava na fantasia, estava ali, sempre e era sua essência e ser o que ele queria era sua vocação, e todos eles são o Lê de hoje, cada qual com sua contribuição e o Lê de hoje, esse que está escrevendo, pensa: Que legal ler o texto da Karol, que legal escrever esse comentário, que saudade de encontrar com os outros Lês. POis bem, decidi convocá-los para uma reunião hoje a noite e vamos ver o que vai dar.
Karol: CLAP CLAP CLAP!
PS.: Que criança linda, não tinha como não ser essa adulta linda, de sorriso encantador e com o brilho das constelações extintas a milênios! Bela Bela!