Acordou um dia e não sabia mais quem era ou o quê diabos estava fazendo ali. Sua máscara havia caído e ela não possuía mais um rosto.
Olhou-se no espelho e não se reconheceu: quem seria aquela essência quase em branco que a observava estranhamente com um sorriso irônico nos olhos castanhos?
"Eu" pensou, respirando profundamente. "Finalmente eu."
Redescobrindo a si mesma em cada passo, pegou a máscara que havia-se descolado e guardou-a em uma caixa de sapatos.
Saiu à rua em seguida, ainda sem rosto, ainda sem encosto, ainda sem direção.
(Saiu à rua da forma como sempre quis.)
Os seres mascarados enfileirados nos passeios urbanos não entenderam, apontaram-na, fizeram-lhe caretas, disseram-lhe impropérios.
Ela nem se importou.
No meio da massa dissimulada, era a única que podia ter quantos rostos quisesse.
...
e quando na cara que quisesse ter botava um sorriso, o mundo parava, pensava e voltava a girar de maneira melhor.
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