Você já teve aquela vontade irresistível de escrever alguma coisa sem saber exatamente o quê cargas d'água você queria escrever?
É como se os Pensamentos, as Palavras e as Caraminholas Da Cabeça estivessem dando um grande Baile de Máscaras onde cada um deles podia ser o mesmo, ou nenhum, ou todos ao mesmo tempo.
A Idéia, ainda portando seu acento tal qual coroa de diamantes,
está em algum lugar desta festa. Apesar de não vê-la, eu posso sentir o seu perfume almiscarado. Está dançando valsa com seu vestido de babados, uma máscara brilhante colada aos olhos e um sorriso faceiro nos lábios. Sabe que é perseguida, que foi por um instante vislumbrada e, num impulso egoísta, torna-se invisível, esquiva-se no meio das mil duplas presentes no salão e desaparece, antes que seja possível destacá-la da multidão.
A Inspiração, esta ébria de vestido vermelho rendado e decotado para quem o copo encontra-se sempre meio cheio, busca em vão sua companheira entre os presentes, até encontrar a próxima garrafa de rum. E, então, fazendo um brinde em voz alta à Idéia, "aquela egoísta mal caráter que só olha pro próprio umbigo e não aceita o fato de que precisa tirar aquela coroazinha barata de diamantes falsos", convida todos os presentes a dançar o bom e velho Rock´n´Roll.
E o Baile de Máscaras continua madrugada a dentro, mesmo que você ainda não tenha certeza de que o que escreveu era, de fato, o que aquela vontade irresistível de escrever queria que você realmente escrevesse.
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